quarta-feira, 9 de setembro de 2009

Projecto para uma "Farsa"...

Uma farsa, como qualquer outra peça teatral, precisa de personagens. Pensei nestes.
- Uma septuagenária que não consegue perceber que os direitos de que hoje goza só existem porque alguém, no passado, teve a clarividência para remar contra ventos, marés e a maioria do povo, consagrando esses mesmos direitos... e que apesar de ser uma profissional elogiada, parece que se esqueceu de tudo o que a universidade, e a vida, lhe ensinaram, balbuciando frases imperdoáveis a quem é mesmo sábio naquilo em que o reconhecem;
- Um trotskista agressivo, de olhar assassino e mordaz, que no afã por chacinar os ricos, propõe medidas que penalizariam o grosso da classe média... e, quando fala, por vezes atira barro à parede... sabe que as coisas "não são bem assim, mas pode ser que ninguém note";
- Um homem com poder efectivo, que não consegue perceber que já nem a mãezinha dele acredita no que diz, e que, no seu deslumbramento pelo poder, não percebe que muito do que fez, fez mal... ademais, muda de personalidade com uma inconstância estonteante... baralha o público;
- Um "Senhor", já entrado, educado, mas ultrapassado... defende tudo aquilo em que já ninguém acredita - este é o personagem que só aparece para decorar o cenário (mas faz falta); e, por fim,
- O "tolinho", simpático no seu mundo pessoal, por certo, mas que não tem nada para dizer que não seja banalidade ou perfeita tonteria - ninguém o leva muito a sério, mas ele presume-se, e rodeia-se de presumidos;
A agravar a situação, todos os personagens são versados - mais ou menos academicamente - em ciências sociais, mas quando falam... Ai!
Nesta farsa o público participa. E como? O público olha para a farsa como aquilo que é... uma farsa! E, por isso, preferem dar as suas simpatias ao mais simpático, ao que argumenta menos mal, ao que melhor desfeiteia os adversários. E então, cada um, aplaude um dos personagens! Outros, sábios, dormem! Há os que abandonam o recinto, cansados da falta de guião!
Triste, triste, triste, é que passo a vida a ter pesadelos com eles... um ou dois dos personagens inventados saltam-me, em sonhos, do imaginário e a entram-me mesmo pela vida dentro... para decidirem o meu futuro!
Que maçada!

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