quarta-feira, 20 de maio de 2009

Moralidade política

O Mundo acordou ontem com a decisão de um eminente político britânico de se demitir, por força da descoberta pública de irregularidades/ilegalidades pelo mesmo praticadas. O Mundo acordou com tal notícia e, por certo, concordou com a assunção pública de responsabilidades por parte do mesmo. Por maiores que tenham sido as irregularidades/ilegalidades praticadas, mostrou o dito cidadão-político britânico ter consciência ética. E mais, seguir-se-ão os correspondentes processos judiciais e administrativos tendentes a apuramento de responsabilidades e eventual restauração da legalidade.
Como se passaria tal episódio cá em casa? Em parte seria igual: existiria um escândalo mediático, surgiriam comentários vários em todos os meios de comunicação social, apareceriam reacções políticas imediatas. Mas aí terminariam as semelhanças. Nenhuma concreta consequência ocorreria. Nem processos judiciais, nem processos administrativos, nem, muito menos, qualquer demissão: os políticos lusos têm demasiada distância em relação aos padrões vigentes no estrangeiro (eventual excepção à República de Itália, nisto muito semelhante a Portugal). E se algum processo houvesse, as conclusões dos inquéritos são facilmente adivinháveis: arquivamento... fosse por falta de prova, fosse por demonstração de falta de intenção, ou mesmo, por descoberta de uma qualquer causa excludente da ilicitude ou da culpa do agente...
São diferentes graus de moralidade que geram diferentes graus de civilidade. Por isso somos o que somos... Nada mais!

3 comentários:

  1. Olha, não sei!
    Sei que não podemos esperar que haja um super-homem, que tenha a folha e a consciência completamente limpa - isso é coisa que não existe! É da condição humana a falha, a ignorância, a tentação, a paixão, a fragilidade.
    Mas...
    Não haverá ainda Homens nobres? (não, não é uma pergunta totalmemte ingenua!)Transparentes?
    A capacidade de assumir um erro e de se retratar é louvável. Talvez a única coisa que podemos esperar de alguém, como nós, humano.

    Eu... quero acreditar que ainda haverá um homem nobre!

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  2. Nobres até existirão... mas na política é que não estão... não estão porque não podem estar! porque só lá chega quem dá provas cabais e irrefutáveis de não nobilitação... o sistema partidário garante - é aliás a sua grande função - que ninguém com tal característica lá chega! :)

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  3. Digamos antes que as pessoas com essas características não se estão para incomodar a tentar mudar o sistema.
    Gostariam de se apresentar ao eleitorado e de imediato serem reconhecidas e levadas em ombros.
    Tal não vai acontecer nunca.

    Porque o problema não é exactamente o sistema de partidos mas o colégio eleitoral.
    Ao fim de 30 anos de socialismo a maioria dos eleitores são funcionários públicos ou dependem do Estado para sobreviver.

    Isto só mudará mesmo, quando o eleitor contribuinte líquido do Orçamento de Estado perceber isso, que será no dia em que verificar que tudo o que paga não chega para sustentar o “monstro”.

    Aí acontecerá qualquer coisa.
    Que não será nem boa nem bonita de se ver.
    E quem sabe, talvez alguém se chegue à frente e conduza positivamente essa revolta.
    .

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